quarta-feira, 29 de outubro de 2008

Apocalypse Now? - Parte 1

A crise financeira mundial tem sido tema em todas as mídias, brasileiras e internacionais, nas últimas semanas. Porque ficar de fora do 'assunto do momento'?
Nessa 'mini-série' de três 'episódios', vamos (1) conhecer a origem da crise, (2) definir o que é a crise e (3) saber quais os reais efeitos sobre a economia mundial e brasileira.

Para começar, é importante entender alguns conceitos e a relação entre eles:

1 - Taxa básica de juros - é a taxa de juros fixada pelo banco central de um país, representa quanto o governo pagará em juros, anualmente, pelos empréstimos tomados por ele. De forma geral é taxa de juros mais baixa no mercado, já que o governo é o agente mais confiável da economia. Nos EUA essa taxa é chamada 'prime rate' e é fixada pelo FED (Federal Reserve), o banco central americano.
2 - PIB (Produto Interno Bruto) - de forma geral mede a riqueza gerada por um país em um dado período. O PIB é fortemente influenciado pelo Consumo, Gastos do Governo, Investimento, Exportações e Importações. Normalmente dados sobre o PIB são divulgados mostrando a diferença percentual entre o período corrente e o passado.

3 - Consumo versus Taxa de Juros - a taxa básica de juros influencia fortemente o consumo. Funciona assim: à taxa básica baixa, há pouco incentivo para que os bancos (ou outras instituições financeiras) emprestem dinheiro ao governo, eles passam então a aumentar a oferta de crédito aos consumidores, que ampliam seus gastos.

Então, a taxa de juros afeta o consumo, que por sua vez afeta o PIB. Dito isso, podemos seguir em frente.

Apesar de parecer complexa, a crise, que começou nos EUA e agora se espalha pelo mundo, tem origem num ponto bem específico: a bolha imobiliária americana. E o que é uma bolha em economia? É o crescimento demasiado de um certo mercado que normalmente termina "estourando", por ser artificial ou sem base sólidas. O último caso é o que se aplica ao mercado imobiliário americano.

O crescimento imobiliário americano começou com uma política com ares de "boas intenções" iniciada pelo governo Clinton, no fim da década passada. A idéia era facilitar aos americanos a aquisição da casa própria. Funcionava da seguinte maneira: o cidadão ia ao banco e requisitava um empréstimo para comprar sua casa, o banco tomava como garantia a própria casa adquirida, para o caso de não receber aquilo que tinha emprestado. Sobre o valor pago pelo cidadão eram acrescidos juros, como todos os outros empréstimos, baseados na taxa básica de juros (prime rate).

Até aí tudo bem, o problema começou quando o governo americano, tentando fugir de uma recessão e tentando estimular o consumo, começou a baixar a taxa prime. As taxas cobradas pelos bancos seguem, regra geral, os movimentos da taxa básica. Taxa prime mais baixa significava, então, taxas de juros do mercado menores. E, consequentemente, que cada empréstimo renderia menos aos bancos, logo a saída era ampliar o número de empréstimos concedidos e ganhar pela quantidade.

Essa lógica funcionou bem durante alguns anos, o mercado imobiliário americano cresceu, mais pessoas tiveram acesso à casa própria. O problema é: que pessoas? Na ânsia por ampliar o número de clientes, os bancos diminuíram suas exigências para concessão de empréstimo, chegando a conceder empréstimos com juros abaixo da taxa prime, chamados subprime.
Os subprime se tornaram a "pedra no sapato" americano quando os primeiros inadimplentes começaram a surgir e as taxas de juros voltaram a subir. Os que não podiam pagar taxas mais altas se desesperaram para vender suas casas e honrar suas dívidas, os bancos se desesperaram para vender as casas que já haviam tomado de inadimplentes e minimizar seus prejuízos. Uma lei básica da economia é que quando a oferta de um bem aumenta, o preço deste baixa e era o que ocorria no mercado imobiliário americano. Não bastasse isso, a própria baixa de preços fazia com que mais pessoas desistissem dos financiamentos - estavam pagando cada vez mais caro por casas que se desvalorizavam vertiginosamente.
Foi quando a bolha estourou. A crise, no entanto, veio por onde menos se esperava...

3 comentários:

Administrador disse...

Ahh muitoo bom!
Achei didatico leras... tipo
ate eu consegui entender! haha

vo esperar toda trilogia!
;D

parabens irmao!
abraço

Ulisses Vasconcellos disse...

Boa, Rézão!

Cê é o cara da 'Economia para leigos'!

Veredicto 1: aprovado!

Unknown disse...

Muito bom Ré! quando eu tiver apresentando um telejornal vou te indicar para comentarista econômico, blz?

ah e respondendo q o vc escreveu no meu bro, eles se apresentaram em JF msm... mas era tipo muito caro..rs

fds é nóis?