quinta-feira, 31 de maio de 2007

Fim dos tempos ou falta de assunto?

Não acredito que seja só eu. Alguém mais percebe o quanto a imprensa é exaustivamente repetitiva? Ano passado era a Corrupção, depois veio a Crise Aérea. E agora o ano já começa com uma pauta nova, a ser reutilizada várias vezes: Aquecimento Global. Eu já me prometi que a próxima vez que a Glória Maria chamar uma matéria assim eu vou mandar uma carta-bomba pra redação do Fantástico. Correndo por fora como assunto a ser requentado vez por outra estão os Juros. Ainda vou contar quantos dias seguidos é possível assistir ao Jornal Nacional sem ouvir falar neles. Dirão que isso é coisa da Globo, mas não é.

Os Juros estão em todo lugar, de jornais impressos aos virtuais. Vivemos um momento de constante prenúncio do fim do mundo, quando não é o aquecimento global é o aquecimento da economia, do qual o Governo diz nos proteger com suas taxas de juros. Pior que a insistência da mídia é o desconhecimento do que sejam os tais "juros" apresentado por uma grande parcela de pessoas.


Dia após dia vemos os "figurões" da economia nacional se sucederem frente às câmeras. Guido Mantega, Henrique Meirelles, Paulo Skaf, são personagens rotineiros no (eterno) debate sobre a taxa de juros. Mas o que são as taxas de juros? Que juros são esses? O que a taxa de juros tem a ver com o crescimento?

Quando se fala em juros e em taxas, o cidadão comum logo se resguarda (-O que vem dessa vez?). Mas não é de taxas sobre pessoas físicas que se trata o debate. Trata-se da taxa Selic, uma alíquota estabelecida pelo Banco Central que determina quanto o governo pagará pelos empréstimos que contrair. Essa alíquota é discutida e, por vezes, reajustada a cada quinze dias por um conselho do BC (razão pela qual o tema sempre volta à pauta dos jornais). Com certeza você se pergunta, então, o que você tem a ver com isso e porque se dá tanta atenção a algo que parece ser apenas uma tecnicalidade do governo.

Bem, o cidadão comum realmente não tem nada, ou quase nada, a ver com isso. Mas a atenção dada à taxa de juros é, de certa forma, justificável. A taxa Selic é uma das muitas variáveis que determinam o crescimento do PIB e a razão de tanto debate sobre ela é que uma queda desenfreada da taxa levaria a um aumento da inflação. Vou tentar mostrar a lógica por trás disso:
* O Brasil é hoje um país onde é mais lucrativo ao capital financeiro emprestar dinheiro ao Governo e às pessoas físicas que investir nos setores produtivos (razão pela qual é defendida a queda da taxa Selic).
* Por outro lado uma queda abrupta da taxa faria com que o capital hoje destinado a empréstimos "fugisse" para o setor produtivo e estimula-se a volta da inflação. Ou melhor: que a inflação fugisse novamente do controle.

Por incrível que pareça, tanto o Governo quanto os empresários concordam, em parte, com os tópicos acima. O problema está em quanto a taxa deve cair de forma a estimular o crescimento sem gerar inflação. E é nesse ponto que as duas alas (Governo e empresários) estão em perfeita dissonância. O Governo quer uma queda a conta gotas (0,25% é o máximo por vez), já os empresários querem quedas mais acentuadas (0,5% ou 0,75%).

Nessa guerra de interesses, nós, cidadãos comuns, somos apenas expectadores. Todos queremos que o país cresça, se desenvolva. Mas eu volto a afirmar nesse espaço: não são os juros que determinarão quem seremos no futuro. São as nossas políticas em segurança pública, saúde e, principalmente, educação!

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