O Mundo

Às vezes eu me pergunto se sou só eu que vejo tudo errado. Me pergunto de onde vem essa vontade de consertar tudo o que há de errado. Talvez porque eu sou jovem e, dizem os 'maduros', nessa fase todos querem mudar o mundo. Mas não pode ser...

Será que estão todos cegos ou acomodados? Falta informação às pessoas ou meios de mudança? Hoje fui visitar uma usina de triagem de materiais recicláveis em Viçosa. É chocante como falta oportunidade para as pessoas. Tudo bem, esse serviço é como outro qualquer. Nada deveria impedir que as pessoas optassem por ele. Mas não é essa a realidade, isso é só a teoria de um mundo perfeito que não existe.


Quem vive lá, quem trabalha em meio à sujeira (literalmente) produzida pela sociedade são pessoas que mal concluíram o ensino básico. Mulheres e homens, jovens e idosos, sem oportunidades (passadas e futuras). Sem perspectiva, sem brilho nos olhos. Acuadas diante de pessoas tão longe de suas realidades, temerosas de criar, mais uma vez, esperanças vãs.

As pessoas não vêem essa realidade. Não querem ver. Não querem ouvir o que eles têm a dizer. Ninguém quer se deparar com a realidade crua (e suja) das pessoas que precisam trabalhar num lugar como esse. Não querem (quando têm consciência que deviam) se perguntar pra onde vai seu lixo, aquele que é posto no cesto da rua e que nunca mais se vê.

Eu tenho uma péssima notícia: ele não desaparece, não se torna invisível. É levado para um local onde possa feder e poluir sem que as pessoas vejam e sintam. Por "pessoas" entendam a maioria delas. A maioria que pode se dar ao luxo de consumir e poluir impunemente. Àquelas que não tiveram portas abertas, que, muito pelo contrário, tiveram as portas fechadas à cara, quando muito, semi-abertas e sem nenhuma cortesia, resta trabalhar, sentir, às vezes comer, entre o que, assim como eles, foi descartado pela sociedade. O que não tem mais importância, o que não tem valor.

Eu tenho uma ótima notícia: nem tudo o que não tem mais uso perde o valor. Nem todos os que foram rejeitados e ignorados têm menos a nos ensinar. Provavelmente é entre eles que se aprende a realidade, às vezes longe de nós.

Reflita. Sobre o mundo, sobre a Vida, sobre a sua vida, seus hábitos, a sociedade em que você vive, o grupo em que está inserido. Será que a gente não pode mudar? As decisões, as grandes decisões, estão tão longe da gente quanto nos conforta pensar? Não estão. Grandes mudanças exigem também pequenas atitudes, individuais ou em grupos.

Pense grande: o que está errado no mundo? E, principalmente: o que eu vou fazer pra mudar?