sexta-feira, 20 de novembro de 2009

Negros no Brasil, a segregação persiste

Nós, brasileiros, gostamos de pensar que racismo só existe lá fora. Que somos todos um povo só, e que foi-se o tempo em que a cor da pele era um fator relevante. Infelizmente não é verdade.

De fato, socialmente, o negro é mais aceito no Brasil que em outros países, no sentido de haver menos segregação racial. Salvo, claro alguma mentes inferiores que ainda acham que o exterior dita o conteúdo.

No entanto, quando se vê econômica e estatisticamente, o negro continua na base da pirâmide social. São a maioria nos trabalhos de baixa remuneração e recebem 90,7% menos que os branco, segundos dados do IBGE para o mês de setembro.

Diferentemente das mulheres, que em cargos, e com escolaridade, iguais aos dos homens ainda recebem menos - o que em si já é um absurdo -, a maioria dos negros tem salários médios menores porque exercem funções de baixo rendimento, na construção civil pardos e pretos são 59,9% da força de trabalho. Segregados não pela cor, mas pelas classe sociais em que são maioria.

Por depender dos serviços públicos de educação, de baixa qualidade, não chegam a ter chance de desempenhar funções que exigem mais qualidade técnica e, por conseguinte, pagam mais.

Para Marcelo Paixão, professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro formado em economia e doutor em sociologia, as políticas fiscais e creditícias seguidas pelo governo recentemente não tem efeito direto sobre a redução das desigualdades sociais e raciais, sendo necessárias "ações afirmativas e políticas de valorização de grupos que estão historicamente numa situação de muita desvantagem".

Hoje, dia da Consciência Negra, é momento de repensar o papel do negro na sociedade brasileira e mostrar o valor dessa grande parcela da nossa sociedade.

Readaptando John Lennon: Niggers are the niggers of the world. Infelizmente.

Fonte dos Dados aqui.

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Update: O post foi escrito de uma vez e sem muito cuidado, então, vale um adendo: eu não acredito que sistemas de cotas sejam solução para a questão da inclusão do negro na sociedade. O que acredito ser válido enquanto políticas afirmativas, no âmbito social, são projetos culturais de valorização da cultura africana.

Quanto à economia, é necessária uma reforma educacional (e mental) que mude os parâmetros viciados de hoje, que só reproduzem o status dos grupos sujeitos a eles. E é na educação básica que isso deve começar. Países que fizeram compromissos educacionais há 20 anos hoje são líderes mundiais em IDH e rotineiramente apontados como melhores lugares para se viver. O ensino superior e técnico é uma etapa que sucede a educação básica.

2 comentários:

Mima disse...

Penso sim que deve ser feito algo para reverter esse quadro. Porém, o modelo adotado para implantar as "ações afirmativas" é, no meu entender, falido.
Os próprios países dos quais copiamos tais modelos já o estão renegando. O estão taxando como "racista" e pior!, fomentador de racismo.
Não seria melhor, ao invés de simplesmente copiar algo de uma sociedade tão distante da nossa, criar algo que se enquandre na nossa realidade?
Não seria melhor, juntamente com as "ações afirmativas" também lutar por uma melhora da educação tanto para brancos, negros, pardos, amarelos, indígenas, etc? Essa é a parte que não estou vendo acontecer.
A mentalidade do "exigir a qualquer preço que o aluno seja aprovado" continua forte e cada vez mais ganhando espaço nas escolas públicas. E agora está chegando, inclusive, às Universidades Públicas.

Isso também me parece necessário ser pensado no dia em que lembramos Zumbi dos Palmares. Um homem que lutou para que sua comunidade vivesse bem e com qualidade.

Mima disse...

E que tal pensarmos numa valorização da cultura Mestiça?

Afinal, a sociedade brasileira não é uma sociedade de brancos X negros, e sim uma sociedade multipla, com multiplas origens, uma miscigenação gigantesca.
Não seria essa muito mais a "verdadeira cara do Brasil"?!


Ok, para podermos alcançar tal Cultura Mestiça devemos, sim, aprender mais sobre a cultura africana, mas também sobre a indígena, sobre a asiática, sobre a do oriente médio, etc etc etc...