terça-feira, 30 de março de 2010

Tecnologia no campo também gera riqueza

Em setembro do ano passado escrevi um post sobre commodities. A idéia era desmistificar um conceito econômico muitas vezes confuso, mostrando os diversos tipos de commodity negociadas no mercado assim como mostrar que a volatilidade das commodities agrícolas aliada ao seu peso nas exportações brasileiras representavam um risco a longo prazo. 

Hoje me deparei com um post da Fabiane Stefano no blog Mundo Agro, do Portal EXAME, que me chamou atenção e me levou a reiterar meus argumentos. Em momento algum eu tive intenção de afirmar que o agronegócio ou o comércio de commodities era prejudicial ao país. O que procurei mostrar que é preferível ao país focar em políticas que aumentem o papel de bens industriais e tecnológicos na carteira de exportações, de forma que os altos e baixos dos preços agrícolas não afetem fortemente nossa economia - como ocorreu muitas vezes no passado.

E é aí que entra o que me chamou atenção no texto da Fabiane Stefano: não é preciso que se opte ou por indústria ou agronegócio. O que o Brasil precisa é de uma política voltada para a tecnologia como um todo, com investimentos em áreas de engenharia - em todos os seus campos - que afetaria positivamente tanto um setor como outro.

Fabiane cita o economista José Roberto Mendonça de Barros que usou o exemplo da indústria açucareira - hoje chamada de sucroalcoleira - que deixou de produzir cana-de-açúcar para exportação há mais de um século, até os anos 70 produzia apenas açúcar, passou a produzir também etanol e hoje investe nos bioplásticos. Na palestra assistida por ela ele disse que “hoje, o agronegócio está indo além da produção de commodities. E o que está acontecendo hoje na indústria de açúcar e álcool vai se repetir em outros setores do campo”, diz Mendonça de Barros.

Investindo em tecnologia industrial, o país entraria finalmente na chamada terceira revolução industrial, produzindo bens de alto valor agregado e com mercado em franca expansão. Ao investir em tecnologia no seguimento agrícola, passaríamos a vender produtos cada vez mais processados - ao invés de vender matéria prima bruta - o que representaria um ganho maior na exportações e tornaria nossos produtos menos inelásticos à renda*.

*em um post futuro pretendo explicar melhor o conceito de elasticidade, por enquanto o link - de um site que eu não uso! - dá pra trazer uma idéia geral, embora um tanto técnica.

2 comentários:

Tatix disse...

Pois é Régis,
desde o início da colonização do brasil somos considerados como fornecedores de matéria prima barata. Não que isso seja uma completa realidade hoje, porém continuamos não investindo em produtos de alto valor agregado. Então basicamente continuamos da mesma forma como antigamente, mesmo que agora não em grande escala.
Se esse inciativa não tiver um forte empurrão, nunca conseguiremos criar produtos especializados que maior valor para exportação.
ótimo post! Bem fácil de pessoas leigas no assunto como eu, entendermos! parabéns!

Ulisses Vasconcellos disse...

Enfim, lido.

Reitero mais uma vez seu didastismo.

Escreva sobre elasticidade, é um tema que há tempos não compreendo plenamente.